Vale tudo por uma convicção?
- Frente a Frente Bahia
- 26 de jul. de 2019
- 2 min de leitura

O ambiente de polaridade política além de acirrar os ânimos, separar amigos e dividir famílias, está criando um novo regime de aceitação, muito mais carregado de paixão que razão, como nunca antes visto.
É bem verdade que a frase “Aos amigos tudo, aos inimigos a lei” é recitada em rodas de conversa, gabinetes e ecoa na mente de personagens que conduzem a nossa história há muito tempo. Mas em nenhum outro momento da nossa história recente foi tão aceita, difundida e defendida.
Como qualquer sistema em que se abre exceções e se permite situações questionáveis em nome de uma finalidade, o que vemos hoje no Brasil é uma verdadeira chuva de precedentes abertos numa roda gigante de apoios e críticas que chega a beirar uma roleta russa.
Quem não se lembra do vazamento ilegal de uma conversa da Presidente da República sob o aval de um juiz de primeira instância? À época, aceitou-se a ilegalidade da ação pela revelação do seu conteúdo. Hoje, o próprio juiz é vítima de vazamentos e agora, para ele e seus defensores, este tipo de atitude é criminosa e indefensável.
Em outro episódio da nossa história, um veículo de comunicação comemorou o veto por parte do STF à entrevista que um ex-presidente preso pela Lava Jato daria a outro veículo, um direito que nunca fora negado a prisioneiros igualmente conhecidos. Anos depois, os jornalistas que comemoraram esta ação da Suprema corte foram vítimas de censura pelo mesmo tribunal.
A impressão que dá é que, de repente, a lei passou a atender os interesses do que “eu acho”, do que tenho “convicção”. As provas? As evidências? A constituição? Os direitos? Tudo se ajeita.
Mas é importante lembrar pelos exemplos aqui já citados que o mundo dá voltas e neste nível de paixão que a nossa política chegou, é lamentável que não se abra mais espaço para pensar o que é justo e o que não é, independente da cor da bandeira e da ideologia defendida.
Neste estado de injustiça instaurado, gritam nas ruas e nas redes sociais apenas o que acreditam ser certo e, em nome disso, tudo passa a ser tolerável, até que se torne ao contrário.
Autor: Robson Bento
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